Sumi-ê de Nydia Bonetti
Os poemas de Sumi-ê, de Nydia Bonetti, inventam um jardim, que não é o zen japonês, mas tenta simulá-lo, com seu rigor de pedras. Surgem, aqui e acolá, uma...
Revista digital de Arte e Cultura
Apesar de ter sido criado em 1917, quase cem anos portanto, os florais, remédios desenvolvidos a partir de essências de flores, ainda são pouco conhecidos da maioria das pessoas. No entanto, depoimentos de curas e surgimento de novos especialistas e pesquisadores que fazem progredir esta terapia chamada alternativa ou paralela em relação à tradicional medicina alopática, comprovam sua eficácia. Hoje há florais de várias localidades do planeta, mas este tipo de terapia foi criado pelo inglês Edward Bach, de uma maneira insólita e poética. Vamos à ela.
A água da
fonte da inspiração
Bach nasceu em Moseley, pequena vila de Birmingham, Inglaterra em 1886. Formou-se em medicina pela Universidade de Birmingham e trabalhou em várias especialidades. Em 1917 com 31 anos, quando trabalhava no laboratório de um grande hospital londrino teve uma forte hemorragia estomacal. Seus colegas diagnosticaram câncer e deram o veredicto fatal: ele tinha três meses de vida.
Inconformado com tal diagnóstico Bach, que sentia que tinha ainda muito que fazer pela medicina e que já tinha conhecimentos de homeopatia voltou-se, como narra a terapeuta floral Carmem Monari no seu livro Participando da Vida com Florais de Bach-Uma Visão Mitológica e Prática (Editora Rocco 1996, SP) “para o seu jardim interno, sentiu a essência de suas flores e bebeu a água da fonte da inspiração”.
Que bela poesia, você deve estar pensando. Felizmente não é só poesia, mas a pura realidade, e para entender o que aconteceu com o Dr. Bach vamos seguir o raciocínio de Carmem Monari, que vai à origem do seu nome para explicar sua transformação. Ela começa por dizer que Bach vem de Bagh que em alemão significa fonte de água, de onde vem Bagha que é riacho e de onde vem Bach que é fonte.
Em persa Bach é jardim de rosas que é muito semelhante a Jardim do Éden. Assim temos que Bach tem dois sentidos: jardim e fonte. Edward por sua vez é uma palavra de origem teutônica que significa aquele que precisa ser o guardião alerta dos seus sentidos. Ou seja, para Carmem, Edward Bach “teve que aprender a abrir seus sentidos superiores para sentir a essência das flores e beber a água da fonte da inspiração”.
Traduzindo: quando ele se voltou para dentro de si e começou a se conhecer-autoconhecimento-ele venceu a morte pela transformação em vida do seu próprio corpo. Só então começou o seu trabalho pelo coletivo, ou seja, depois de ter vencido suas barreiras individuais, assumiu sua individualidade, e isso, aliás, ele enfatizou sempre para seus pacientes e discípulos: que cada pessoa descubra e cumpra seu destino individual, que nunca imite ninguém e que o outro nos sirva de luz. Ou seja, cada ser humano deve ser luz para o outro, para o semelhante, evitando-se, portanto todo o sentimento de inveja, ciúme e possessão pelas coisas alheias, sejam materiais ou espirituais.
As primeiras essências
Bach iniciou seu trabalho pesquisando flores e descobriu as primeiras essências: Mimulus para vencer o medo de descobrir coisas desconhecidas; Impatiens, para vencer a impaciência de querer coisas muito rapidamente; Clematis-para os sonhadores colocarem os pés no chão e outras mais, terminando por desenvolver 38 essências que dividiu em sete grupos. O primeiro para os que sentem medo, o segundo para os que sofrem de indecisão, o terceiro para os que sentem desinteresse pelas circunstâncias atuais, o quarto para os que sofrem de solidão, o quinto para os que são excessivamente sensíveis a influencias e opiniões alheias, o sexto para o desalento e desespero e o sétimo para os que se preocupam excessivamente com o bem estar dos outros.
Assim, quando ele usou o título Heal Thyself-Cura-te a Ti Mesmo, ou A Cura pelo Si Mesmo. É interessante notar que thyself refere-se a Ele, o nosso Eu Superior e é diferente de yourself, segundo explica a Carmem: é semelhante ao Conhece-te a ti Mesmo de Sócrates. Daí que o caminho proposto pelos florais de Bach é um dos caminhos do autoconhecimento, uma maneira de ganhar a luz da consciência pelo nosso consciente.
Em busca do jardim interno
Bach morreu aos 50 anos, dezenove anos depois do diagnóstico de câncer dado pelos seus colegas médicos e após ter descoberto as três essências básicas dos seus florais. Sua cunhada Judy, que sempre o acompanhava em suas pesquisas, continuou desenvolvendo o trabalho, e quando ela morreu, outros discípulos prosseguiram na pesquisa e divulgação dos florais descobertos por Edward Bach.
O Instituto Bach Center, de onde saem as essências dos florais de Bach para o mundo todo, fica em Mount Vernon, Sotwell (Inglaterra), funciona ainda na mesma casa onde ele morou.
Carmem Monari que é uma das mais importantes pesquisadoras dos florais de Bach e que mora em Campinas, conta que quando ele terminou o trabalho, construiu os móveis de sua casa, e quando tudo estava pronto, morreu, dormindo.
“Ele deu o exemplo de mestre de luz pelo seu trabalho interno e depois pelo coletivo, até sua volta à luz”, diz Carmem. “Que cada ser descubra e acenda uma luz interna para dar vida e criação ao seu jardim, para que sejamos luzes para as pessoas que nos procuram, despertando e mantendo nossa chama interna acesa em nome do amor e acreditando sempre na Providencia Divina. Ele plantou seu Jardim Terrestre e cada um que busque dentro de si seu jardim interno”.
Na esteira de Bach e seus discípulos surgiram pelo mundo afora novos pesquisadores que descobriram novas essências florais na Califórnia, Austrália, Holanda, França, Himalaia, e Brasil. Aqui temos os florais da Mata Atlântica, da Amazônia, florais de Minas que foram os descobertos mais recentemente, com grande número de essências pesquisados pelos químicos brasileiros Breno Marques e Ednamara Batista Vasconcelos que vivem em Itaúna, (Minas Gerais).
Breno e sua equipe desenvolveram os fito-florais que une ervas e flores e que são os nossos florais, os florais brasileiros, na opinião da terapeuta floral Sabrina Maria da Silva, radicada em Mogi Mirim, e editam o jornal Organum que dá importante contribuição para o conhecimento desses remédios feitos com as essências das flores.
Afinal Edward Bach foi um poeta. Prova isso este belo poema: “A você, paz profunda da onda sutil/ das estrelas brilhantes do brilho da paz/ do ar envolvente da terra silenciosa”.
Mais sobre Florais de Bach
http://www.institutobach.com.br/
http://www.bachcentre.com/pt/florais_bach/index.php
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