Sumi-ê de Nydia Bonetti
Os poemas de Sumi-ê, de Nydia Bonetti, inventam um jardim, que não é o zen japonês, mas tenta simulá-lo, com seu rigor de pedras. Surgem, aqui e acolá, uma...
Revista digital de Arte e Cultura
Ao se encontrarem, os universos do batik e das composições de Alice Brill geraram uma galáctica explosão de imagens, cristalizada nesta exposição que celebrou os 90 anos da artista, nascida na Alemanha, em 1920, e residente no Brasil desde 1934. (Ele se refere a exposição realizada no SESC Pompéia de São Paulo em 2010 ). Há muito de mistério e sonho em cada imagem agora mostrada.
Técnica em tecido artesanal, o batik, originário da ilha de Java, na Indonésia, obtém seu efeito final por sucessivos tingimentos no tecido, protegido por máscaras de cera, de modo que somente as partes não vedadas recebem a cor. Nos anos 1960, porém, Alice adaptou essa técnica milenar: em vez de tingir o tecido, cada vez com uma cor, passou a aplicar tintas com pincel e a usar outros suportes, como papel de arroz.
A conversa entre o saber milenar e a experimentação contemporânea resultou numa aclamada tese de doutorado defendida na USP e numa exposição no Museu de Arte Contemporânea – MAC/SP. Em termos de imagens, casarios em que predominam linhas retas travam significativas conversas com a estrutura visual curva de árvores de mangues.
Retas e curvas passam a se falar. O aprimoramento ao longo de uma trajetória de estudos permite o equilíbrio entre o excesso e o conformismo. Sua técnica se materializa pela maneira como a percepção é aliada aos procedimentos sobre os materiais selecionados.
Livre em sua expressividade e rigorosa na técnica, Alice Brill, ao lidar criativamente com o batik, une ousadia e densidade, pois revela conhecer uma tradição e a subverte, mas sem a perda de respeito. O moderno está na busca perene que demanda a humildade de saber ver, a persistência de pesquisar e a convicção de trilhar, com liberdade e competência, um caminho próprio. Esses fatores geram o explosivo e significativo encontro galáctico de simetrias de uma artista hoje quase centenária com uma técnica milenar.
Na internet
http://ims.uol.com.br/Alice_Brill/D89
Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).