Um pouco da história da tradução deste livro

Ana Lúcia Vasconcelos


 

Um pouco da história

da tradução deste livro

    

       Eu Vejo a Virgem - Vicka narra as aparições de Medjugorje (Edições Loyola, 1990, São Paulo) que traduzi do francês, é uma longa entrevista do frei croata franciscano, renomado poeta do Leste Europeu Yanko Bubalo (1913-1997) com a Vicka Ivankovic, um dos seis videntes que vêm a Virgem desde o dia 24 de junho de 1981 até hoje naquele vilarejo da ex- Iugoslávia, atual Bósnia Herzegovina.

Considerado pelos especialistas um dos mais importantes documentos de Medjugorje justamente por tratar dos trinta primeiros meses das aparições de Nossa Senhora e um dos três livros mais importantes daquele evento como se pode ler no livro da jornalista canadense Lise Leclerc:  O Encontro Marcado em Medjugorje, (Edições Loyola, 1986, SP). Na pagina 83 pode-se ler o diálogo da Lise, que está com um grupo de peregrinos italianos com o frei franciscano Tomislau Vlasic. Ela pergunta quais os livros que vão ficar sobre as aparições de Medjugorje, já que milhares foram escritos sobre este evento.

 “Vão ficar três livros ” ele respondeu: “Laurentin para as informações : La Vierge apparait-elle à Medjugorje? (OEIL, Paris s.d.); Vicka/ Bubalo (Eu Vejo a Virgem), Loyola, 1990, (São Paulo) para os pormenores das primeiras aparições e Bonifácio/ Brughera para a espiritualidade (eles são os editores de Aprite I Vostri Cuori a Maria Regina Della Pacce. Entretenimentos Espirituais, de Tomislau Vlasic, O.F.M. e de Slavko Barbaric, O.F.M., Milão, 1985)”.

Este preâmbulo é importante porque agora quero contar a historia da tradução deste livro já que ela fez parte da minha conversão, da minha volta à Igreja Católica que já estava acontecendo desde 1986. Contar como ele caiu nas minhas mãos e como se tornou a coisa mais importante da minha vida naquele momento. Ele me foi emprestado pelo compositor de musica erudita contemporânea José Antônio Almeida Prado (1943-2010) um dos maiores músicos do Brasil e conhecido internacionalmente. Eu o conhecia porque o entrevistara algumas vezes e ainda porque ele era primo da Hilda Hilst, renomada poeta e escritora, de quem eu era amiga e sobre quem escrevi um livro ainda inédito.

 Mas eu o via pouco, nos encontrávamos sempre em algum concerto ou vernissage, já que eu morava em São Paulo e ele em Campinas e segundo soube depois (ele) viajava muito para o exterior. E por que tínhamos uma amiga comum quando nos encontrávamos trocávamos três ou quatro frases e um perguntava para o outro: tem visto a Hilda? Mas eis que, quando comecei a me voltar para a Igreja Católica a Virgem Maria articulou um encontro nosso no Shopping Iguatemi de Campinas, em 1988.

O encontro marcado

pela Virgem

   Na altura eu morava em São Paulo e resolvi dar um tempo em Campinas para repensar minha vida e eis que chego à cidade numa noite e no dia seguinte me veio uma frase, uma voz que me dizia: “vá ao Shopping”. Como o Iguatemi de São Paulo era um dos meus points prediletos para espairecer pensei: vou ao Shopping e aproveito ver uma amiga, dona de um restaurante árabe. Só que quando vou visitar alguém costumo avisar antes, mas naquele dia não combinei nada, não liguei avisando que ia, apenas segui instruções desta voz que me dizia para ir ao Shopping. Fui em plena manhã - em geral ia à tarde ou à noite e aqui registro que não tenho preconceitos de horários, apenas era assim. Subi ao terceiro piso para tomar um café e eis que encontro o diretor do jornal O Correio Popular, de Campinas (da época, não me lembro seu nome) e na sequencia o Almeida Prado. Não sabia que ele morava ali perto e que o Shopping era também um dos seus pontos prediletos. Ali, de pé no saguão, depois dos cumprimentos de praxe ele me disse à queima roupa: “Fui a Medjugorje e tive uma experiência maravilhosa de conversão”.

 Eu sabia de Medjugorje o que qualquer pessoa que lê jornais sabe - que a Virgem estava aparecendo lá, mesmo tendo havido pouca cobertura do evento na grande imprensa. Minhas informações vinham dos relatos de uma prima muito ligada nessas aparições. Levei um choque, mas em seguida disse: ‘quero te entrevistar’, o que, aliás, é uma reação normal de um jornalista frente a uma matéria interessante. Jornalista não pode ficar diante de uma matéria em potencial. Na época eu fazia free lances, ou seja, escrevia matérias contratadas pelas revistas e jornais de São Paulo e como o nome diz, eu estava livre para escrever onde quisesse, sem contrato com alguma editora. Trocamos telefones como se faz normalmente, mas antes de nos despedirmos ele me disse: “Jesus está me dizendo que você vai ser apóstola d’ Ele”.

Achei tudo estranho, e fiquei assim meio sem fala porque mesmo estando em processo de conversão achei aquele lance de ser apóstola de Jesus muito fora dos padrões para mim. Nem preciso dizer que a essa altura não sabia nada sobre moções, locuções interiores, e muito menos que o Almeida Prado tinha locuções. E muito menos sabia que aquele encontro tinha sido decisivo na minha vida e ali para frente nada seria como antes. Minha vida havia acabado de sofrer uma mudança naquele momento e eu nem me dera conta ainda.

Só depois de meses eu descobriria. Então começou a via crucis de localizar o Almeida Prado, já que no dia seguinte, eu articulei a matéria com a Revista Artes. de São Paulo. Mas não conseguiaencontrá-lo nem naquele telefone nem na Unicamp onde lecionava. Quer dizer, ele estava em Campinas mas não eu não conseguia falar com ele. Uma noite, lendo a Bíblia tive outra inspiração: ‘liga para o Almeida Prado’. Eu liguei e ele atendeu. Já se passara um mês desde aquele encontro citado. Ele me convidou para jantar. Fui e articulei a entrevista que aconteceu semanas depois, a matéria foi publicada na Revista Artes de São Paulo, muitos meses depois. Mas o mais importante é que depois desta entrevista comecei a ir à missa com ele e frequentar grupos de oração - na verdade convivíamos com pessoas do grupo de oração da Igreja Santa Rita de Cássia de Campinas e o assunto predileto deles era Medjugorje.  A maior parte deste pessoal já tinha havia estado lá uma ou mais vezes e eu fui ficando apaixonada pela Virgem de Medjugorje, que é a Nossa Senhora de sempre, mas com este titulo porque aparece naquele lugarejo da então Iugoslávia e pelo carisma daquelas aparições.

 Foi quando ele me emprestou o livro Je Vois La Vierge- Ainée des voyantes de Medjugorje, Vicka raconte les apparitions et son extraordinaire experiénce (Oeil, 12, rue Du Dragon; 75006, Paris, 1984), que trouxera da Europa. Logo que comecei a ler fui inspirada a traduzi-lo. Simplesmente sentei e comecei a trabalhar. E aí começou a minha experiência com a Virgem: eu sentia a sua presença, a ponto de muitas vezes escrever sorrindo. Sentia o perfume de rosas - e não havia rosas por perto e ainda uma leve brisa que surgia não sei de onde. E mais, minha conversão continuou a acontecer enquanto eu traduzia o livro e subia mentalmente o Podbrdo com os videntes, seguia seus passos, participava das suas alegrias e angustias, vibrava com a transformação daqueles jovens em pessoas diferenciadas e especialmente admirava a simplicidade da Vicka contando sua experiência com uma espontaneidade absoluta, sem qualquer vaidade. Através dos seus relatos tinha conhecimento igualmente da vida dos outros videntes e como que transportada para a realidade deles, me sentia como que íntima amiga. Parecia que eu convivia com eles em Medjugorje. 

Como rezar o rosário 

Alguns meses depois, o Almeida Prado foi para Nova York, e pediu para eu ficar no seu apartamento até sua volta. Fiquei porque alguma coisa me compelia a isso: hoje eu vejo que não estava mais no tempo normal, mas, como dizem os filósofos, ou seriam os teólogos, em Kairós - o tempo de Deus e foi lá (tinha que ser lá) no apartamento dele que me aconteceram alguns fatos que narro na sequência. Logo que cheguei dei uma olhada nos livros (lógico, eu leio o dia inteiro e ele tinha livros maravilhosos) e quando sentei para escrever era meia noite. Acontece que minha mão foi conduzida para a última prateleira da estante que ficava ao lado da mesa, de forma que eu não via os títulos dos livros e ela pegou um livrinho intitulado: Como rezar o rosário. Simplesmente peguei o terço que estava em cima da mesa e comecei a rezar. Ainda, a esta altura, estava preocupada com as aparências e as repercussões de atitudes a ponto de ter pensado: o que meus amigos jornalistas vão pensar se me virem rezando o terço.

Hoje eu digo: rezem o terço, aliás, não um, mas quatro que é o atual rosário. Enfim prossegui na tradução do livro, mas sem hábitos de oração, que aliás, fui adquirindo ao longo desses anos e então fui tentada literalmente pelo inimigo de Deus a parar várias vezes. Havia momentos em que ficava irritadíssima e não conseguia continuar. Quando Almeida Prado voltou, a tradução do livro já era a coisa mais importante da minha vida, e como não ia voltar para São Paulo fui para Mogi Mirim onde minha mãe estava morando na época.

 Mas não pensem que tudo isso, este período foi um mar de rosas. Não mesmo, afinal eu estava parando uma carreira de sucesso no jornalismo. Na verdade eram espinhos com perfume de rosas - (que, aliás, é o normal quando se trata de trabalhar para a Virgem, como depois fiquei sabendo) principalmente porque minha família não entendia nada do que se passava e eu também, diga-se. Achava tudo absurdo, pensava que logo as coisas voltariam ao normal, eu voltaria a trabalhar em algum jornal ou revista e tudo terminaria bem.

Em Mogi Mirim parei de ir a missa e rezar. Mas a Virgem continuava vigiando e quando eu estava no capítulo intitulado Santa Cruz fui compelida a sair de casa e procurar uma igreja. Eu morava num bairro chamado Santa Cruz, mas dada a conjuntura toda - não conseguia acreditar no que me estava acontecendo, como eu tinha ido parar em Mogi Mirim, esqueci completamente este fato. E quando saí para a rua perguntei a um garoto onde havia uma igreja (eu sabia, lógico onde ficava a matriz), mas eu queria uma perto dali, e ele me indicou a mais próxima: a Igreja de Santa Cruz. Quando entrei na igreja, perto das 18h, havia um grupo de pessoas rezando o terço. Rezei junto, em seguida assisti a missa e daí para frente continuei a ir a missa todos os dias.

Quando terminei a tradução do livro tive uma intuição que iria a Medjugorje e veria a Virgem. Realmente tive um sonho confirmando isso, dias depois: eu estava em Medjugorje e via a silhueta da Virgem no céu e ainda duas outras visões: o Sagrado Coração de Jesus num círculo de luz e um círculo luminoso com uma criança linda, loura, dando um passo para dentro dele. Na hora pensei que podia ser o Menino Jesus mas conjecturei também que poderia ser meu filho Maximiliano que tinha igualmente, quando pequeno, cabelos louros encaracolados.

E houve uma mensagem explícita - chamada locução interior, que é uma voz que vem de dentro da gente: “Vai ao grupo de oração da Igreja São José”. Vejam que estranho, apesar de eu ter ido várias vezes rezar no Santíssimo da Matriz de São José, não me ocorrera perguntar se havia grupos de oração na cidade. E foi assim que finalmente cheguei ao Grupo de Oração Sagrada Família, onde encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram muito neste processo de conversão. Foi lá que na sequência, comecei a trabalhar como intercessora, que é um dom ou carisma. Intercessor é quem reza pelos outros. Maria Santíssima é a grande intercessora da humanidade, é chamada mesmo a Onipotência Suplicante.  

O livro saiu milagrosamente

Terminada a tradução, restava agora articular a publicação, coisa complicada para quem conhece os meandros do mercado editorial brasileiro. Acostumada a articular minhas matérias, fui bem objetiva: liguei para duas editoras católicas: a Ave Maria em São Paulo, e a Louva Deus, no Rio de Janeiro e finalmente seguindo instruções do Monsenhor Nardim, na época pároco da Igreja de São José para a Loyola, que segundo ele, era a editora que mais publicava sobre Medjugorje.

   As duas primeiras não se interessaram, mas o editor da Loyola, Roberto Girola na ocasião, pediu para ver os originais. Levei o material para São Paulo e cerca de um mês depois recebia uma carta onde eles me comunicavam que o livro havia sido escolhido para ser publicado entre trinta originais que se acumulavam na sua mesa. Como eu fizera tudo isso inspirada resolvi perguntar por que ele escolhera este: “Porque é o documento mais importante sobre as aparições de Medjugorje”, me respondeu. Mas me aconselhou a nunca mais fazer uma coisa daquelas: traduzir um livro sem primeiro articular uma editora. Disse a ele que nunca fizera uma matéria sem articular sua publicação antes, mas agora estava sendo inspirada pela Virgem Maria. Ele me olhou de um jeito que não entendi na época, mas depois sim, porque na verdade eu estava num processo de conversão e ele era apenas um editor de uma editora católica escolhendo um livro importante para ser publicado.

  Foi assim que ele saiu milagrosamente em 1990. Fizemos um lançamento em Campinas com ajuda de vários amigos do Grupo de Oração da Igreja Santa Rita de Cássia, aquele pessoal que cito e com o qual convivíamos. Ainda que não seja usual se fazer noite de autógrafos para traduções, era preciso divulgar o livro. Almeida Prado fez um pequeno concerto - tocou músicas compostas depois da sua experiência com a Virgem: O Rosário de Medjugorje e Flashes de Jerusalém. Fiz outros lançamentos do livro para divulgar as aparições que, ainda que seja fonte obrigatória de pesquisa para quem estuda Medjugorje desde seus primórdios, teve esgotada a primeira edição sete anos depois. A Loyola não se interessou em fazer a segunda edição e atualmente ele só é encontrado em sebos. Tentei em várias oportunidades fazer a segunda edição mas só agora estou conseguindo com a ajuda de pessoas que tiveram suas vidas mudadas com sua leitura. Como tudo tem sua hora, acredito que a Virgem Maria permitiu que a segunda edição saia agora, neste momento grave da humanidade. 

Medjugorje de 1981 a 2017 

   A Virgem Maria, que apareceu no dia 25 de junho de 1981 a oito videntes em Medjugorje - pequeno vilarejo da antiga Iugoslávia, atual Bósnia Herzegovina no Leste Europeu, continua aparecendo até hoje, 2017, o que fazem estas aparições serem consideradas pelos especialistas como as mais longas da história da cristandade. Depois das duas primeiras aparições, Nossa Senhora continuou sendo vista por apenas seis videntes: Vicka, Marija, Mirjana, Ivanka, Jakov e Ivan: cinco jovens e uma criança já que Jakov na ocasião tinha dez anos.

Além deles, as jovens Jelena e a Marija começaram a ter locuções de Nossa Senhora. Todos eles foram perseguidos pelo governo comunista, analisados longamente por psiquiatras que, no entanto, constataram sua total lucidez. Enfim eram jovens e crianças normais que de repente tiveram suas vidas mudadas radicalmente pela Virgem que lhes pede oração, jejum e penitencia para salvar a humanidade.

  Sofreram o assédio constante da imprensa nacional e internacional, do povo que começa acorrer aos milhares a Medjugorje atraídos pela noticia das aparições, mas não perderam a simplicidade - continuam acessíveis a todos que os procuram porque dizem que são conduzidos por Nossa Senhora que os educa como seus filhos queridos.  De inicio, o bispo de Mostar aceitou as aparições enquanto o padre Jozo, pároco da Igreja de São Tiago renegava. Depois o padre Jozo aceitou e o bispo passou a negar pressionado pelos comunistas.

 Padre Jozo foi preso, passou três anos e seis meses na cadeia mas durante este tempo acontecia um prodígio na prisão: a porta de sua cela não ficava trancada o que enlouquecia os carcereiros. Enquanto o padre dormia no escuro e em paz eles corriam para apagar a luz de sua cela que ficava iluminada. Converteram-se afinal! Mesmo com livre trânsito continuou preso e aproveitou o tempo para estudar italiano num livro de gramática que encontrou na biblioteca. O que foi muito útil porque na sequencia houve um afluxo enorme de peregrinos italianos: então isso foi um mal que veio para o bem segundo diz o padre Ernesto N. Roman no seu livro Aparições de Nossa Senhora - suas mensagens e milagres (Paulus, 2001, São Paulo).

Centro de peregrinação mundial  

Ao longo desses 36 anos muita coisa mudou em Medjugorje e na vida dos videntes: a pequena aldeia se transformou num dos maiores centros de peregrinação mariana do mundo, para onde acorrem todos os anos milhões de pessoas em busca de cura, consolo, reavivamento da fé. Como é comum acontecer o evento atrai especialmente jornalistas, escritores, muitos ateus que vão para lá com o intuito de denegrir, negar as aparições e saem completamente convertidos à causa de Maria mudando suas vidas.

  Os videntes muito requisitados começaram a viajar difundindo a mensagem da Virgem até os confins do mundo. Ha relatos de conversões sem fim e até de sacerdotes que se apresentam para a Vicka especialmente, pedindo orações sem se identificar e em crise de fé, prestes a deixar o seu ministério e ela, através de Nossa Senhora, os incita a continuar sua missão. Como em La Salette, em Lourdes, em Fátima, a Virgem em Medjugorje, pediu aos videntes, oração, jejum e penitência. Em suma, a volta dos homens para Deus, seu Criador.

Como em outros locais onde ela apareceu, aqui também Ela revelou segredos que só deverão abertos ao público quando ela permitir. Tais segredos referem-se a acontecimentos futuros, e que vão ocorrer, inevitavelmente se esta humanidade “empedernida no pecado, na injustiça, não se voltar para Deus”. Ela adverte sobre a necessidade da confissão e arrependimento para se evitar o castigo que será inexorável. Estamos vivendo, segundo ela, os últimos anos do reinado do Mal sobre a Terra, que já sabendo de sua derrota eminente, se volta com fúria redobrada para levar homens e mulheres para a perdição de suas almas.

  Por isso ela pede muita oração, jejum e penitência do seu já gigantesco exército espalhado pelo mundo inteiro para que possam ser salvas o maior número de almas para Deus. A batalha da Mulher vestida de sol contra o dragão vermelho está no seu apogeu e só os que estiverem ligados em Deus pela oração vão resistir. Depois da batalha final os “puros herdarão a Terra”, haverá um período de grande paz para a humanidade que sobrar, a espada se transformará em arado, “o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito... o touro e o leão comerão juntos... a criança de peito brincará junto à toca da víbora, enfim toda a Terra estará cheia da ciência do Senhor...” (Isaías 11,6-9) e os homens viverão o Paraíso na Terra.

 

Os videntes hoje

 

 Hoje os videntes estão todos casados e com filhos e de forma muito consciente continuam dedicando suas vidas à missão a eles confiada pela Rainha da Paz. Quanto às aparições, apenas os três que não receberam os dez segredos, continuam tendo aparições uma vez por mês. São eles: Vicka nascida em 3 de setembro de 1964, atualmente com 53 anos, casada com Mario Mijatovic tem dois filhos - Maria e Antônio. Vive em Krehin Grac, próximo a Medjugorje e continua atendendo aos peregrinos. Marija filha de modestos agricultores nasceu em 1 de abril de 1965 é casada com Paolo Lunetti com quem têm quatro filhos: Michele Maria, Francesco Maria, Marco Maria e Giovanni Maria. Vive com a família na Itália na cidade de Monza e vem com frequência à Medjugorje. Desde 1984, por meio dela, a Virgem Maria dá uma mensagem para a Paróquia de Medjugorje que é rapidamente distribuída pelo mundo inteiro em dezenas de línguas. Inicialmente a mensagem era semanal, e a partir de 1987 passou a ser mensal em todos os dias 25; e Ivan, nascido em 25 de maio de 1965, casou-se com a norte americana Laureen Murphy. Eles tem três filhos: Cristina Maria, Mihayla e Daniel. Moram parte do ano nos Estados Unidos e outra parte em Medjugorje. Além disso, nos últimos dez anos, Ivan tem viajado pelo mundo levando a mensagem de Nossa Senhora para o maior número de pessoas. Em Hong Kong (China), Japão, Coréia, Austrália, Filipinas, Nova Zelândia, por toda a Europa e pelos Estados Unidos ele tem se encontrado com presidentes, familiais reais, embaixadores, políticos, personalidades do esporte, do cinema e também com as pessoas mais pobres que não podem ir à Medjugorje. Ivan vai aonde é convidado sendo que realiza encontros de oração em sua casa onde recebe e acolhe os participantes.  Ivan certa vez revelou que "Há um motivo para eu estar vivendo nos Estados Unidos e para Marija estar vivendo na Itália"

    Os outros três videntes que já receberam os dez segredos são: Mirjana -  que nasceu em 18 de março de 1965. Está casada com Marko Soldo desde 16 de setembro de 1989 e tem duas filhas: Maria e Verônica. Vive com sua família em Medjugorje. Tem aparições anuais desde 1983 em 18 de março e aparições mensais a cada dia 2 desde 1987, quando juntamente com Nossa Senhora, reza pelos incrédulos, isto é, por aqueles que ainda não conhecem o amor de Deus. Ivanka – nasceu em 21 de junho de 1966, está casada com Rajko Elez desde 1986 e têm três filhos: Cristina, José e Ivan. Vive com a família em Medjugorje. É a que menos aparece em público. Ela diz simplesmente que “nós devemos rezar mais e vivermos as mensagens de Medjugorje.” Tem aparições anuais de Nossa Senhora em 25 de junho e Jakov, nascido em 6 de março de 1971, casado com Anna Lisa Barozzi, tem três filhos: Arianna Maria, David e Miriam. Vive com a família em Medjugorje e se dedica a atender os peregrinos. Recebeu o décimo segredo em 12 de setembro de 1998 e tem aparições anuais de Nossa Senhora em 25 de dezembro.

A posição da Igreja sobre o fenômeno Medjugorje  

      Como sempre prudente, a Igreja demora para dar seu aval para aparições em geral. Foi assim em Fátima, e assim está acontecendo em Medjugorje. Ainda que sejam as mais longevas aparições da Virgem Maria na história da cristandade, nem por isso ficou isenta de ser estudada pelas autoridades eclesiásticas competentes. Em 1986, a Santa Sé confiou o exame dos acontecimentos em Medjugorje à Conferência de Bispos da antiga Iugoslávia, que nomeou uma comissão para investigar os fenômenos. O Papa João Paulo II demonstrou seu interesse pelo acontecimentos daquela cidade várias vezes já que, em função do fluxo de peregrinos proveniente de quase todos os países do mundo,  Medjugorje tornou-se um Santuário Mariano Internacional. Assim, em novembro de 1990, foi nomeada uma comissão de bispos, para elaborar diretivas pastorais e litúrgicas para aquela localidade. No dia 17 de março de 2010, o Papa Bento XVI criou uma nova Comissão de Estudos liderada pelo Cardeal Camillo Ruini para estudar a Bottom of Formquestão de Medjugorje. Esta Comissão concluiu seus trabalhos em 2014. A conclusão foi chocante: Nossa Senhora não aparece em Medjugorje.

       Especialmente interessado na piedade popular que se pode ver no vilarejo da Bósnia Herzegovina que acolhe cerca de 2 milhões e quinhentos mil peregrinos do mundo todo a cada ano, o papa Francisco declarou no dia 25 de março de 2017 à SIR- Agencia da Conferencia Episcopal Italiana que os benefícios espirituais obtidos pelos fiéis naquele local não podem ser esquecidos. Para esclarecer a questão ele promoveu a ida do arcebispo polonês Henryk Hoser como seu enviado especial em abril de 2017 para Medjugorje com dupla missão:estudar a questão pastoral das “supostas aparições marianas e o que chamou de um “caráter suplementar” para complementar o estudo feito pela Congregação para a Doutrina da Fé liderada pelo cardeal Camillo Ruini realizado pelo Vaticano entre 2010 e 2014.

       O bispo Hoser iniciou sua visita em Mostar-Duvno diocese a que Medjugorje pertence e onde os bispos são céticos sobre o fenômeno, desde seu suposto inicio em 1981, quando Nossa Senhora Rainha da Paz teria aparecido a um grupo de videntes e continua a fazê-lo. Já em Medjugorje o Bispo visitou a Igreja de São Tiago que funciona como centro de acolhimento de peregrinos, onde ressaltou o interesse do Papa Francisco na piedade popular que move os fieis àquele local de peregrinação. Dirigindo-se aos fiéis que lá se encontravam disse: “Encontramo-nos em um lugar que reúne uma multidão de peregrinos. Peçamos a intercessão da Mãe de Deus, a fim de que abra os nossos corações e também as nossas mentes para a Graça Divina, ao ensinamento da Igreja e à Palavra de Deus. O Espírito Santo é a nossa vida e também a alma da Igreja. Procuremos a verdade de Deus em nós mesmos e também a verdade de Deus sobre o homem. Este lugar de oração é agora conhecido no mundo inteiro. O Santo Padre está muito interessado no desenvolvimento da piedade popular que se desenvolve aqui. Isto também faz parte da minha missão: avaliar a pastoral deste lugar e propor diretrizes para o futuro. Venho de um país que tem muita devoção à Mãe de Deus. Maria é a Rainha da Polônia. Aconselho a todos vocês a fazer Maria a Rainha das suas vidas. Pelo momento, bastam estas palavras.”

     Em outros encontros com a imprensa ele registrou não saber os motivos de ter sido escolhido pelo Papa para esta missão, mas com certeza ele não ia ocupar-se dos videntes especificamente nesta visita, ainda que, quando estudasse a questão pastoral como um todo, sem dúvida ia levar em conta suas histórias e a mudança de suas vidas depois dos eventos iniciados em 1981. No encontro que teve com jornalistas em Medjugorje no dia 5 de abril de 2017, o enviado do Papa ressaltou que apesar de ser sua primeira visita ao local, sabia tratar-se de um centro de peregrinação em nível internacional e a primeira coisa que enfatizou foi o fato de Medjugorje, no passado não ser conhecida, ser apenas uma pequena localidade perdida em alguma parte das montanhas como o próprio nome indica – Medjugorje - quer dizer “entre montes”. Agora a cidade é conhecida no mundo inteiro e recebe peregrinos de 80 países do mundo. “Do ponto de vista da importância deste lugar de peregrinação aqui pode ser comparado a outros lugares. Por exemplo, em Medjugorje chegam dois milhões e meio de peregrinos ao ano; em Lourdes vão seis milhões, mas Lourdes existe ha mais de 150 anos enquanto Medjugorje só tem 36 anos de idade. É tempo de fazer o primeiro balanço, uma primeira validação. Por que tanta gente vem a Medjugorje? Porque ouviram falar das aparições que aconteceram pela primeira vez em 1981.  Ocorre que todos que aqui vem descobrem algo excepcional. A primeira coisa é o ambiente, a atmosfera que é de paz e pacificação, uma real paz interior: descobrem um espaço de espiritualidade profunda. Redescobrem ou descobrem pela primeira vez em suas vidas um espaço sagrado. Sagrado significa reservado de modo particular à Divindade.”

     Ele ressaltou que em geral, se diz que Medjugorje é um local de culto mariano e é verdade. “Mas se olharmos profundamente vemos que em Medjugorje o culto é essencialmente cristocêntrico, porque tem no seu centro a celebração da Eucaristia, a transmissão da Palavra de Deus e a Adoração do Santíssimo Sacramento durante a qual se descobre que esta é a presença real de Jesus Cristo na sua Divindade e Humanidade. Alguns descobrem a oração do Rosário que no fundo é uma oração de meditação nos mistérios da nossa fé. Ao final, rezando a Via Sacra, eles entram no mistério Pascal ou seja no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.”

      E finalmente constata uma ênfase marcante no Sacramento do perdão, na confissão pessoal e personalizada. Do ponto de vista religioso, Medjugorje é uma terra fértil. Nestes anos nasceram 610 vocações religiosas e sacerdotais com inspiração medjugoriana - sendo as mais numerosas na Itália, Estados Unidos e na Alemanha. Frente à atual crise de vocações, sobretudo nos países da antiga cristandade como da Europa Ocidental, ele registra que este fato parece algo novo e as vezes perturbador. E para calcular o numero de peregrinos que por lá passaram, ele usa um método interessante:  o numero de comunhões distribuídas que foram 37 milhões de 1986 a 2016. Ou seja, o numero dos visitantes foi muito maior já que nem todos receberam a comunhão.

Três âmbitos ou três círculos

 

         Na avaliação da situação de Medjugorje o arcebispo Henryck Hoser distinguiu três âmbitos: o primeiro da paróquia, que existe há muito tempo. Ela serve aos paroquianos que estão aqui, que moram neste local e que nos últimos dez anos aumentou um milhão ou mais. “Esta paróquia que tem sua história desde os anos 30 do século passado, construiu uma cruz que domina o vilarejo, enfim, foi o terreno que acolheu o moderno fenômeno Medjugorje. Nesta história paroquial, se inscreve também a particular e pessoal história daqueles que são chamados de ‘videntes’. Um segundo círculo, ou segundo âmbito, são os peregrinos que chegam ao número de dois milhões e quinhentos mil ao ano, numero que tende a aumentar e que é um desafio enorme para os pastores que servem na cidade. Tal fenômeno causou o incremento da atual estrutura, que deve responder à necessidade dos peregrinos: compreende esta sala, a Capela de Adoração e o espaço para celebração da missa ao ar livre, elementos que foram colocados em função do grande numero de peregrinos.

Ressalta ainda o desenvolvimento da cidadezinha - hoje há mais hotéis, restaurantes, lojas comerciais, algo que o faz pensar numa pequena Lourdes que hoje é a segunda cidade em numero de hotéis depois de Paris, na França. Pode ser que este seja o futuro de Medjugorje em relação a Sarajevo. À medida que a população aumenta é preciso aumentar a capacidade de acolhimento dos peregrinos.

        Ele lembra ainda um terceiro âmbito: em Medjugorje começaram comunidades, associações, obras sociais e caritativas que hoje perfazem um total de mais de trinta. “Alguns se estabeleceram aqui porque se inspiraram em Medjugorje ou porque tem aqui suas próprias raízes, mas existem também outras que vieram de outros países - foram criados fora mas se estabeleceram aqui para viver esta atmosfera e este fenômeno de Medjugorje. “Entre as criadas originalmente menciona a Vila da Mãe criada pelos padres franciscanos construída com a ideia de acompanhar a vida de pessoas com algum tipo de dificuldade: órfãos, dependentes de drogas, do álcool ou de outros condicionamentos do mesmo tipo, os inválidos. Também esta é uma expressão daquela caridade ativa intimamente ligada à fé cristã. Há ainda uma outra obra de caridade muito importante também criada pelos padres franciscanos chamada Domus Pacis - uma casa de retiro de silêncio. Estima-se que já passaram por ali mil e duzentos grupos, num total de 42 mil participantes. Este tipo de retiro e de seminários transforma as pessoas por dentro.”

Os seminários anuais são outra invenção pastoral da paróquia de Medjugorje. Há vinte e três anos existe um seminário dedicado unicamente aos sacerdotes e à sua formação; há 17 anos são realizados seminários destinados a casais e há quatro anos começou um novo tipo de seminário dedicado aos médicos e paramédicos. Ano passado, ou seja, em 2016 foi organizado pela primeira vez um seminário em favor da vida humana. Existe ainda um seminário para pessoas com deficiência. Enfim, ele constata que este panorama mostra a intensidade da vida cristã em Medjugorje que representa de certo modo um modelo que pode ser seguido também em outros lugares do mundo.

       Segundo ele, a importancia dos santuários no mundo de hoje é tal , que o Papa Francisco transferiu o estudo deles, anteriormente  feito  pela Congregação para o Clero, para a Congregação da Nova Evangelização. “As pessoas aqui recebem o que não encontram em casa. Em muitos de nossos países da antiga cristandade a confissão individual não existe mais , muito menos a Adoração do Santíssimo Sacramento. Em muitos países não se conhece mais a Via Sacra e o Rosário não é mais rezado. Uma tal aridez espiritual e do sagrado leva evidentemente a uma crise de fé generalizada. As pessoas chegam à fonte, saciam a sua sede do sagrado - a sua sede de Deus, da oração que é descoberta como um contato direto com Deus. Vejo que as pessoas sentem a presença do Divino também por meio da Bem Aventurada Virgem Maria. Em Medjugorje é forte o título mariano de Rainha da Paz e esta não é uma novidade porque no mundo todo há igrejas dedicadas à Rainha da Paz. ”

       “Se olharmos o contexto mundial da nossa vida hoje, vemos que o Papa Francisco definiu a “terceira guerra mundial em pedaços”, ou seja, fragmentos e sob a forma mais cruel e que causam mais feridas, ou guerras civis. Vocês que habitam os Balcãs viveram uma guerra civil não faz muito tempo. Eu também vivi o genocídio de Ruanda. Tudo aquilo que agora vocês vem acontecendo na Síria, no Oriente é a destruição dos países mais antigos da cristandade onde se está utilizando armas químicas: este é o panorama que vemos diante de nós. Quantos conflitos em cada país! Portanto recorrer à Nossa Senhora da Paz é ao meu ver, essencial. O papel especifico de Medjugorje é extremamente importante. Concluindo, ele disse acreditar ser Medjugorje uma luz no mundo de hoje. Nossa Senhora se apresentou como Rainha da Paz. Os peregrinos que vem à Medjugorje são principalmente atraídos pela descoberta de algo excepcional, a atmosfera de paz e de paz nos corações.

        O bispo Hoser ressaltou ainda a natureza centrada em Cristo do culto de Nossa Senhora de Medjugorje, recordando a regularidade da celebração eucarística e adoração do Santíssimo Sacramento. E ainda destacou a descoberta por muitos peregrinos do rosário bem como da participação na Via Sacra. Finalmente ele convidou todos a subir a colina do Podbrdo, o lugar onde foi colocada a imagem de Nossa Senhora e onde as aparições começaram. “Do ponto de vista da fé, Medjugorje é uma terra muito frutuosa. No decorrer dos anos, se contam 610 sacerdotes e religiosas que receberam sua vocação em Medjugorje. Vocês queridos amigos, devem ser portadores da Boa Nova: digam ao mundo que em Medjugorje se reencontra a luz. Porque temos necessidade de pontos de luz fortes num mundo que está caindo em obscuridade. Sugiro a vocês inscreverem - se nos seminários que se desenvolvem aqui, não sei quais, para descobrir o que vocês ainda não sabem. ”

Rainha da Paz é fruto de conversão 

Na homilia que fez no Domingo de Ramos o bispo Henryck Hoser meditou sobre o  tema da leitura daquele dia que era a Ressurreição, cuja festa seria celebrada na a semana seguinte- a Páscoa - a base da nossa fé como disse. Falou das três dimensões da Ressurreição: a histórica - Jesus Cristo viveu na Palestina, morreu e ressuscitou; a litúrgica - o caminho da quaresma, os quarenta dias em que rezamos e jejuamos, nos tornamos mais generosos, nos preparamos para ressurreição já que o objetivo da nossa vida terrena é a ressurreição. É o caminho da preparação que nos revela uma terceira perspectiva que é da nossa vida. Nós vivemos pela e para a ressurreição, nós passamos pela morte para que possamos ressuscitar. Para isso precisamos de fé - a fé abre nossos corações para a conversão. Essa abertura se dá pelo sacramento da misericórdia, ou seja o sacramento da confissão. Através dele nosso coração se abre, se purifica e se enche com o Espírito Santo e com a Santíssima Trindade. Se nos abrirmos e a Santíssima Trindade permanecer em nós, nos tornamos templos de Deus, Santuários de Deus!

Lembrou ainda o papel de Maria na Paixão, morte e ressurreição de Jesus. “Nos próximos dias vamos ler no Evangelho como as redes lançadas sobre Cristo por seus inimigos vão se fechando cada vez mais e mais. Jesus está cada vez mais ameaçado. E ele sabe disso. Sabe melhor que seus apóstolos e discípulos. Mas tem alguém que O acompanha no caminho da Paixão. É sua mãe, a Virgem Maria. Ela está perto. Ela sofre com ele. Ela sente sua impotência. Sofre com ele aos pés da Cruz, recebe seu corpo massacrado e a tradição cristã nos diz que antes de Maria Madalena ela encontrou com Jesus Ressuscitado. E na perspectiva da Ressurreição ela nos acompanha, ela nos segue, participa de nossos sofrimentos e de nossas dores, se estivermos vivendo segundo a perspectiva de Deus. Ela deseja nos salvar, nos conduzir a conversão. Assim ele diz que por isso lhe rendemos graças e agradecemos sua presença constante próxima de cada um de nós. E nós precisamos sentir sua presença espiritual.

“Aqui nos a chamamos Rainha da Paz. Na ladainha de Nossa Senhora, a invocamos doze vezes como Rainha. Maria é Rainha do Céu e da Terra - assim a contemplamos nos mistérios gloriosos do Rosário. Ela tem participação no reinado de seu Filho. E seu reinado é universal. Ela está em toda parte e seu culto é permitido em todos os lugares. Portanto nós lhe rendemos graças e agradecemos sua presença constante perto de cada um de nós. Rainha da Paz é fruto de conversão. Ela introduz a paz em nossos corações e desta forma nos tornamos homens de paz. Pacificamos nossas famílias, nossas sociedades e nossa terra. A paz está ameaçada em todo mundo. O Papa Francisco diz que a terceira guerra mundial já está se espalhando por toda a parte.”

“Eu, queridos irmãos e irmãs vivi por 21 anos em Ruanda na África. No ano de 1982 ocorreram aparições de Nossa Senhora. Ela previu o genocídio em Ruanda, (que provocou a morte de um milhão de pessoas em três meses) cerca de dez anos antes. Naquela época ninguém compreendeu essa mensagem, mas essas aparições da Virgem Maria já foram reconhecidas. Ela se apresentou como a Mãe da Palavra, Mãe da Palavra Eterna, também na perspectiva da paz. Portanto esta veneração que é tão intensamente vivida aqui é de extrema importância e necessária para todo o mundo. Oremos pela paz pois as forças destrutivas hoje são incomensuráveis. O comércio de armas não para de crescer. As pessoas estão em conflito. As famílias estão em conflito. A sociedade está em conflito. É necessária uma intervenção do Céu e a presença da Santíssima Virgem Maria é uma dessas intervenções. Isso é uma iniciativa de Deus. Por isso desejo encorajá-los e incentivá-los como enviado especial do Papa. Difundam pelo mundo inteiro a paz através da conversão dos corações. O maior milagre de Medjugorje são as confissões - sacramento da reconciliação e da misericórdia, sacramento da ressurreição!

Finalizou sua homilia agradecendo os sacerdotes que lá vão confessar as pessoas que naquele dia eram cerca de cinquenta. Conta que atuou em países ocidentais como a Bélgica, França e constatou que a confissão individual desapareceu - ela não existe mais. “E por isso o mundo está secando. O coração dos homens está se fechando. O mal cresce, conflitos se multiplicam. Sejamos apóstolos da boa nova da conversão e da paz no mundo. Eu escutei aqui as palavras que dizem: ‘descrentes são aqueles que ainda não sentiram o amor de Deus’, pois aquele que é tocado pelo amor de Deus e por sua misericórdia que é irresistível serão coparticipantes d´Aquele que irá salvar suas vidas. Estão sendo testemunhas d´Aquele que irá salvar o mundo. Os irmãos franciscanos me disseram que aqui vem peregrinos de oitenta países do mundo. Isso significa que esse chamado se espalhou até os confins da terra assim como falou Cristo quando enviou seus apóstolos. Vocês são, portanto, testemunhas do amor de Cristo do amor de sua Mãe e do amor da Igreja. Que Deus os fortaleça e abençoe. Amém!”

Ao longo da Semana Santa o bispo Henryck Hoser fez homilias nas missas que celebrou em Medjugorje sempre enfatizando a importância da espiritualidade desenvolvida na cidade desde que “supostamente” Nossa Senhora aparece a seis videntes desde 1981. Ressaltou não ser seu papel pronunciar-se sobre a autenticidade das aparições já que a Igreja ainda não manifestou a este respeito, mas ele sem dúvida deu grande força aos videntes e a todos os envolvidos diretamente com este evento que hoje é conhecido mundialmente e que tem produzido incontáveis frutos de conversão à Deus.

O Relatório final da Comissão Internacional está com o Papa Francisco, que terá a última palavra sobre este caso. Registre-se que para se chegar a uma conclusão definitiva e oficial a Igreja costuma esperar muitos anos. Mas, se pelos frutos se conhece a árvore, digamos que Medjugorje é uma boa árvore que tem produzido belos frutos.*

 

 

 

* As informações sobre as ultimas noticias de Medjugorje foram colhidas nos portais:

consulta feita em 15 de abril de 2017

 http://www.medjugorje.com.br/

consulta feita em 16 de abril de 2017

            http://www.medjugorjeurgente.com.br/

     

           consulta feita em 18 de abril de 2017

http://servosdarainha.org.br/a-voz-da-igreja/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Top of Form

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Compartilhe:
  •    
  •    
  •    

Sobre o autor:

Ana Lúcia Vasconcelos
Atriz, jornalista, escritora é licenciada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC de Campinas, Mestre em Filosofia da Educação, pela Unicamp.

Veja outras matérias de Ana Lúcia Vasconcelos