A Dúvida e sua não existência

Eduardo Silveira


 

 

      

       Já faz tempo que penso na sua não existência, não como forma de uma totalidade e sim no pensar psicológico da coisa. Interessante observar a não existência de algo que na forma de minha escrita, dou vida. Sim, dou vida para imediatamente a tirar. Não quero aqui dizer que essa teoria simplesmente retira de nosso dicionário a palavra “dúvida”. Desejo demonstrar que sua existência, na verdade é um estado de preguiça do homem. Sentir-se na incerteza entre duas saídas é um acomodar-se diante dos fatos. Vejamos o que a filosofia na história tem a nos presentear com conceitos, cito aqui o Dicionário de Filosofia ( Nicola Abbagnano, Martins Fontes, 2003, pág. 296). “ Dúvida, esse termo costuma designar duas coisas diferentes, porém mais ou menos ligadas: 1. um estado subjetivo de incerteza, ou seja, uma crença ou opinião não suficientemente determinada, ou a hesitação em escolher entre a asserção da afirmação e a asserção da negação; 2. uma situação objetiva de indeterminação ou a problematicidade de uma situação: seu caráter de indecisão em relação ao possível êxito ou à possível solução”.

      Vamos refletir um pouco em nosso dia como um ser. Quem de nós já não passou por uma situação de  tomar uma decisão? Fazer ou não fazer, comprar ou não comprar. Qualquer coisa e seu oposto.

     Aristóteles, citado nessa mesma página do dicionário, como o primeiro a reconhecer (pelo menos implicitamente) essa distinção de significados quando negou que a dúvida pudesse reduzir-se à “equivalência dos raciocínios contrários”, porque é essa equivalência que pode produzir a dúvida. Escreveu : “quando raciocinamos em ambas as direções e todos os elementos do discurso parecem desenvolver-se com igual validade em cada um dos sentidos, ficamos em dúvida sobre o que fazer”.

    Parece que a vida nos leva a pensar dualidades na mesma proporção. O bem e o mal, amar e odiar, enfim, ter a conotação de uma possível incerteza como um estado cômodo. Será que posso estar 50% querendo fazer algo e 50% não querendo fazer este mesmo algo? Existe uma balança para pesar estes dois sentidos como fator de uma resposta? Nesse exato momento, penso que não. Mas seria necessário pensar que em todos os casos possíveis a dúvida não possui mais existência?

    Agora estamos diante de um fato filosófico, posso garantir que o dia de amanhã irá nascer como todos os dias que o antecederam nasceram? Poderia justificar que até agora foi assim e, também o será. Mas não posso  provar essa afirmação.Penso que em questões como essa, de ordem filosófica, minha teoria deva possuir um mero conflito. Teria eu dúvida que o dia de amanhã poderia não vir a existir? A grande maioria diria que até agora os dias estão a nascer, então, o de amanhã também irá nascer.

    Quero poder dividir com vocês outra questão, aquela que passamos diariamente, questões de cunho pessoal. Decisões que precisamos tomar e, diversas vezes usamos a seguinte sentença: estou em dúvida no que fazer. A experiência diária de nossa existência nos fornece respostas que não a sentimos, não observamos ou temos o receio de perceber. Sabe aquele sentimento que quando formulamos um questionamento e temos a percepção da resposta? Aquele sentimento de um suposto medo de enfrentar o mundo por uma ação que existe, mas por comodidade, suspendemos o nosso juízo para não obter o resultado. Que a balança pode pesar a incerteza de uma situação? Nenhuma, ou na verdade, não existe uma “verdade” na resposta de uma existência ou não dessa “balança”.

    Minha tese se coloca diante de uma simples sentença, a resposta já existe na pergunta, basta apenas o Ser que a vive naquele exato momento, descobrir. Sabe aquela cortina no teatro, antes que a cena tenha início? A resposta está atrás, apenas esperando ser descortinada.Na pergunta: Tenho que viajar, mas estou em dúvida. Na verdade a resposta está no sentido que você irá dar. Se eu for viajar, o que essa decisão me trará? E seu não for? Veja como é simples.Você apenas deve ponderar as duas ou mais respostas. Qual o melhor caminho a ser tomado. Será que dizer que se está dúvida está correto? Se apenas devemos reconhecer que existem possibilidades e essas mesmas possibilidades possuem algo a ser mensurado como fator de resposta.

    Cabe salientar outro fator agora. Em toda situação, mesmo que não possa eu aqui saber quais são elas, cada resolução de um problema, nasce de uma resposta negativa. Explico:  em cada tomada de decisão o Ser parte de um estado “do não fazer”, deixando aqui como algo preponderante na decisão. Até mais cômodo ao Homem. Estar diante de uma decisão a ser tomada, o Homem parte de um suposto estado inerte. Ele ainda não partiu, apenas pensou. E por apenas pensar, pode correr o risco do “não fazer” como resposta mais preguiçosa. O Homem é um ser, na maioria das vezes, preguiçoso.

    Certa vez um amigo, querendo desconstruir minha tese falou: imagine um pai diante de um abismo com dois filhos para salvar e, apenas um podendo ser salvo. Não estaria esse pai em uma “dúvida” em qual filho escolher? Eu respondi que um pai naquele momento ou qualquer outro semelhante, não hesitaria. Salvaria os dois filhos com toda a força que um pai possui, o amor. Escolheria salvar os dois.

A resposta já existe diante da pergunta. Apenas necessita ser descortinada no teatro de nossa existência. Agora você pode dormir ou até mesmo acordar, pois o mundo não será mais o mesmo diante de tais questionamentos. A filosofia nos ensina a ver o mundo com mais amplitude e agora com mais emoção.

Para  saber mais sobre o exercicio da duvida:

 http://www.namu.com.br/artigos/o-metodo-da-duvida-de-descartes

http://pedromotafiloescola.blogspot.com.br/2013/03/descartes-e-filosofia-racionalista-do.html

http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/S%C3%B3crates/542483.html

Eduardo Silveira nasceu em Porto Alegre, mas mora em Farroupilha, interior do Rio Grande do Sul. Licenciado em Filosofia faz pós graduação em Filosofia Clinica.

 

 

 

 

 

    

                 

 

 

 

 

 

 

 

  • Compartilhe:
  •    
  •    
  •